O arqueólogo Eduardo Neves realiza aqui, com base em décadas de pesquisa, uma reconstituição de oito mil anos de história da ocupação humana da Amazônia central – de 10 mil anos atrás até os primeiros momentos da colonização europeia, no século XVI. Escrito para um público geral interessado em história, ciência e antropologia, o livro oferece ao mesmo tempo uma apresentação do ofício da arqueologia, seus métodos, parâmetros, medições, e os resultados reveladores das pesquisas recentes, que comprovam, com a descoberta de cerâmicas datadas de 10 mil anos em áreas de grande dispersão, a ocupação da Amazônia central, no encontro dos rios Negro e Solimões, que contraria o senso comum de que a região teria sempre sido ocupada por populações nômades isoladas. Os achados arqueológicos de Neves e seus colaboradores mostram ao contrário que é possível supor agrupamentos grandes e de duração e extensão considerável, com objetos que sugerem troca com outras populações do continente, inclusive com povos das terras altas, nas montanhas dos Andes.
Com precisão científica, repertório histórico e imaginação antropológica, Eduardo Neves traz ao presente a vida de mulheres e homens que viveram na Amazônia há milhares de anos, sugerindo ainda que a própria floresta teria como um de seus principais agentes o ser humano, produzindo lixo orgânico, realizando manejo de espécies e plantações. Uma hipótese que reforça ainda mais a importância da manutenção de Terras Indígenas no presente.