Por que caminhar era tão importante para Nietzsche? Com o quê o jovem Rousseau sonhava nas longas caminhadas que fazia de uma cidade a outra? Como os passeios de Rimbaud aparecem em sua poesia? Que benefício Thoreau via em seus “passeios inúteis”? Até onde Gandhi pretende caminhar, e com que objetivo? Qual a relação entre as caminhadas de Kant e sua filosofia moral? Que sentido vê Nerval em suas perambulações solitárias? Em Caminhar, uma filosofia, o filósofo francês Frédéric Gros reflete ao longo de 25 ensaios filosófico-literários sobre as muitas formas de percorrer um trajeto, narrando as idas e vindas na longa amizade entre a caminhada e o pensamento, e mostrando o que a caminhada tem a nos oferecer hoje, do ponto de vista filosófico e humano.
Com a leveza e agilidade próprias de um andarilho, Gros descreve vários tipos de caminhadas e caminhantes, revelando tudo o que essa simples atividade tem a nos ensinar. Com a fúria da juventude ou a paciência da velhice; a passos largos ou agitados; por horas a fio ou só por alguns minutos, várias vezes ao dia ou apenas pela manhã; na floresta, no campo ou na praia: para cada caminhada, um caminhante, e para cada caminhante, todo um universo de significados e uma maneira única de percorrer a vida e o mundo.
“É nas longas caminhadas que se entrevê essa liberdade de pura renúncia. Depois de andar durante muito tempo, chega um momento em que não sabemos mais quantas horas já se passaram nem quantas ainda faltam para chegar ao fim; sentimos nos ombros o peso do estritamente necessário, pensamos que já é o bastante [...] e sentimos que poderíamos continuar assim por dias, por séculos.”