Beatriz Nascimento
Maria Beatriz Nascimento nasceu em 12 de julho de 1942, em Aracaju. Em 1949, migrou com a família para Cordovil, na zona norte do Rio de Janeiro. Em 1968, ingressou na graduação em história na Universidade Federal do Rio de Janeiro (ufrj), concluindo o bacharelado em 1971 e a licenciatura em 1972. Durante esse período, fez estágio em pesquisa no Arquivo Nacional e, depois de formada, lecionou na rede estadual fluminense de ensino. A partir da década de 1970, consagrou-se como intelectual e militante do movimento negro, atuando em cursos, encontros, conferências, congressos e simpósios voltados sobretudo a discutir relações étnico-raciais no Brasil e na diáspora africana, cultura e pensamento negro, e a experiência das mulheres negras. Em 1975, ajudou a fundar o Grupo de Trabalho André Rebouças na Universidade Federal Fluminense (GTAR–UFF), participando também do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), criado no mesmo ano. Em 1977, foi conferencista da Quinzena do Negro na Universidade de São Paulo (USP), evento organizado por Eduardo de Oliveira e Oliveira e marco histórico do ativismo antirracista no país. Iniciou mestrado em história pela uff em 1979 e em 1981 concluiu especialização em história pela mesma instituição com o trabalho “Sistemas alternativos organizados pelos negros: dos quilombos às favelas”. Em 1989, foi lançado Orí (dir. Raquel Gerber), do qual participou como personagem, narradora e autora de textos que integram o documentário. Deu início a outro mestrado em 1994, em Comunicação Social, pela ufrj, com orientação de Muniz Sodré. Realizou uma série de viagens internacionais ligadas a seu trabalho acadêmico, poético e ativista, em especial a outros países da diáspora africana: em 1979, para a Angola, passando por Portugal; em 1988–89, para o Senegal; em 1991, para a Martinica; em 1994, para a Alemanha. Em 1995, aos 52 anos, foi assassinada, após uma discussão, pelo companheiro de uma amiga que sofria violência conjugal. Em 2021, foi homenageada com o título de doutora honoris causa pela UFRJ e, em 2022, tornou-se a primeira mulher negra a receber o mesmo título pela UFF. A principal biblioteca do Arquivo Nacional, criada em 1876, foi batizada com seu nome em 2016.