Num caderno encontrado pelo artista no lixo, um narrador anônimo relata amores, conflitos com o trabalho e reflexões íntimas de seu cotidiano durante o final dos anos 1970 em Recife. Jonathas de Andrade editou trechos desse diário com fotografias de Alcir Lacerda, da Fundação Joaquim Nabuco e de sua autoria, além de fotos caseiras de acervos pessoais. As imagens retratam o desenvolvimentismo ocorrido no Recife nos anos de 1960: diferentes ângulos da cidade nas décadas de 50 e 70, edifícios modernistas semiabandonados registrados entre 2008 e 2009, e cenas cotidianas da praia, em que sobressaem a tropicalidade e o desejo.
Ao serem apresentados de forma conjunta, e sem uma hierarquia entre passado e presente, os registros ultrapassam seu caráter puramente documental para compor um arquivo fictício da cidade, evocando um tempo indefinido. Para além do teor sexual, produzido sobretudo pela narrativa do diário, um dos objetivos centrais de Ressaca tropical é discutir o legado modernista na América Latina, contrapondo ruína, desejo e natureza a construção, modernismo e progresso.
A instalação homônima que deu origem ao livro, montada em 2009 na Galeria Vermelho, em São Paulo, participou também das mostras 7ª Bienal do Mercosul (2009), 12ª Bienal de Istambul (2011) e 2ª Trienal do New Museum – the Ungovernables (2012), além de ter sido adquirida como parte do acervo permanente da Tate Collection, em Londres.
Este livro foi contemplado pelo edital Funcultura do Governo do Estado de Pernambuco na linha Fotografia.